Abreviatura de high (alto ou caro) e low (baixo ou barato), o conceito hi-lo extrapolou a moda e já invade outras áreas de consumo. A idéia, democrática, derruba o total look: hoje vale o mix criativo de peças de luxo com as mais populares
Por Sabina Deweik
Vestido solto e tênis: simplicidade chic.
Maxime Perelmuter Jaquetão estampado e bermudão. Maxime Perelmuterna SPFW O luxo muda de cara, fica menos ostensivo, mais pop, vai beber na fonte low, nos guetos, nas tribos urbanas, nas ruas, no movimento hip-hop...Moleton com salto alto, paetês com jeans, camiseta Hering com bolsa Louis Vuitton. Em comum, as esdrúxulas combinações têm o que se convencionou chamar de moda hi-lo.
Abreviatura de high and low, ou seja, high (alto ou caro) e low (baixo ou barato). O conceito, que se estendeu pelo mundo fashion e está invadindo também outras áreas de consumo, mostra ser muito mais do que uma mera tendência passageira. O mix é uma de suas principais características: vale misturar peças de luxo ou de festa com um tênis ou comprar roupas com um custo relativamente baixo. Regra para quem é capaz de freqüentar ao mesmo tempo ruas populares e templos de luxo como Prada, Louis Vuitton, Christian Dior, Marc Jacobs, entre outras grifes. Muito mais do que um estilo de vestir, o hi-lo está mudando o perfil do consumidor que, ao contrário do que acontecia na década de 80, não quer mais ostentação e nem se veste no chamado look-total, mas mistura estilos, referências e marcas sem o menor pudor. "Hoje o consumidor está mais preocupado em buscar satisfação, prazer, experiências novas, buscar o novo, do que apenas símbolos de status", afirma Dario Caldas, especialista em tendências sócio comportamentais e coordenador da Observatório de Sinais, empresa que dá consultoria em gestão de marca e tendência. "Como conseqüência, diz Dario, essa tendência, que também é forte no design de objetos e interiores, responde a uma moda cada vez menos impositiva, cada vez mais variada, em que quase tudo é permitido, justamente porque o "consumidor móvel" faz suas escolhas por critérios de gosto pessoal, por idiossincrasias, cada vez mais distanciado e reflexivo em relação ao mercado, à publicidade e às mídias". E tem mais: quem andar logotipado de cima a baixo pode até ser taxado de brega. O luxo muda de cara, está menos ostensivo, mais pop e mais democrático, vai beber na fonte low, ou seja, nos guetos, nas tribos urbanas, nas ruas, no movimento hip-hop, estreitando as fronteiras entre a moda "real", feita pelos consumidores, e a moda pensada por grandes estilistas.
Abreviatura de high and low, ou seja, high (alto ou caro) e low (baixo ou barato). O conceito, que se estendeu pelo mundo fashion e está invadindo também outras áreas de consumo, mostra ser muito mais do que uma mera tendência passageira. O mix é uma de suas principais características: vale misturar peças de luxo ou de festa com um tênis ou comprar roupas com um custo relativamente baixo. Regra para quem é capaz de freqüentar ao mesmo tempo ruas populares e templos de luxo como Prada, Louis Vuitton, Christian Dior, Marc Jacobs, entre outras grifes. Muito mais do que um estilo de vestir, o hi-lo está mudando o perfil do consumidor que, ao contrário do que acontecia na década de 80, não quer mais ostentação e nem se veste no chamado look-total, mas mistura estilos, referências e marcas sem o menor pudor. "Hoje o consumidor está mais preocupado em buscar satisfação, prazer, experiências novas, buscar o novo, do que apenas símbolos de status", afirma Dario Caldas, especialista em tendências sócio comportamentais e coordenador da Observatório de Sinais, empresa que dá consultoria em gestão de marca e tendência. "Como conseqüência, diz Dario, essa tendência, que também é forte no design de objetos e interiores, responde a uma moda cada vez menos impositiva, cada vez mais variada, em que quase tudo é permitido, justamente porque o "consumidor móvel" faz suas escolhas por critérios de gosto pessoal, por idiossincrasias, cada vez mais distanciado e reflexivo em relação ao mercado, à publicidade e às mídias". E tem mais: quem andar logotipado de cima a baixo pode até ser taxado de brega. O luxo muda de cara, está menos ostensivo, mais pop e mais democrático, vai beber na fonte low, ou seja, nos guetos, nas tribos urbanas, nas ruas, no movimento hip-hop, estreitando as fronteiras entre a moda "real", feita pelos consumidores, e a moda pensada por grandes estilistas.
"Outro dia fui a uma premiação com um vestido Dior e uma 'echarpe' que eu mesma fiz com alguns metros de tule preto, com uma trama mais aberta, e ficou lindo, comprado na 25 de março... Hi-lo é para toda hora", diz Manu Carvalho, consultora de moda e diretora do núcleo de moda e imagem da gravadora Trama. Internacionalmente, as alianças entre cadeias de lojas mais populares e estilistas de renome estão cada vez mais freqüentes como é o caso de Karl Lagerfeld com H&M (Hennes & Mauritz); designers da Topshop para a Dover Street Market em Londres e em breve para a loja conceito 10 Corso Como, em Milão, além de Jean Paul Gaultier para La Redoute. Em alguns lugares do planeta, certas pessoas já estão usando o que vai invadir todas as vitrines nas próximas estações. É gente de várias classes sociais, de várias tribos e de vários estilos, que, sem saber, processa e sintetiza comportamentos e informações de várias fontes: movimentos sociais e culturais, contingências econômicas, etc. De olho nesse povo que é naturalmente vanguarda, já há até mesmo profissionais pagos para observar tudo o que pode virar tendência de moda e de consumo.
Hoje, para identificar o que é luxo é preciso ter olhar apurado, pois tanto a Daslu como a Renner partem dos mesmos referenciais na hora de produzir moda. Num mundo globalizado, a informação está ao alcance de todos e não existe mais uma ditadura do que se deve ou não usar. A jóia hoje vai à academia, o jeans a festas badaladas e o que importa é saber misturar o high com o low – tendência espelhada nas mulheres do hip-hop americano, que usam shorts curtos, bonés com correntes de ouro e saltos finos. "Hi-lo é muito mais do que misturar caro e barato, o hi-lo consiste em equilibrar opostos de uma maneira ainda mais ampla: caro e barato, nobre e tosco, fosco e brilhante, seco e volumoso, liso e texturizado, leve e pesado, discreto e ousado... é o conceito de moda do novo milênio", acredita Manu Carvalho. Caldas: menos imposição Manu: "equilíbrio de opostos" No alto, bolsa "grafitada" da Louis Vuitton. E tênis Adidas, para customizaçãoO mundo da estética está passando por um verdadeiro processo de mudança que coloca em questão o tradicional gap entre o luxo (high) e o básico (low), conceito que surge nos anos 90, quando a moda deixa de ter o peso de uma "ditadura" para o consumidor e passa a se apropriar das tendências de modo mais livre e pessoal, mixando os elementos de estilos diversos dentro de uma linguagem própria. E assim emerge uma nova área de convergência: o luxo se democratizando e o básico se travestindo de variações mais luxuosas. Traduzindo em miúdos: uma bolsa Louis Vuitton pode ser grafitada ou trazer pequenas e divertidas estampas, como, por exemplo, no modelo criado há algumas coleções pelo artista japonês Takashi Murakami, que foi chamado para revitalizar a tradicional monograma LV com suas carinhas e florzinhas divertidas. Por outro lado, temos uma mera camiseta ou até mesmo as básicas e confortáveis Havaianas transformadas em objeto de luxo, como foi o caso da parceria com a grife de jóias H. Stern em 2003, criando sandálias de tiras recobertas com ouro. Na época, o modelo mais sofisticado levava penas de ouro, diamantes, estrelinhas e um sapinho de ouro. Custava mais de R$ 50 mil. Se um par de sandálias de borracha recoberta de luxo e preciosidades pode custar mais do que um carro, sinal de que o consumidor de hoje ou está louco ou uma grande mudança está acontecendo.A primeira, que é complementar ao movimento hi-lo, é a tendência da personalização e customização de objetos. "Customização" é o ato da pessoa interferir em uma roupa: rasgar, cortar, desfiar, pintar e misturar peças e texturas. Tudo para criar um visual original, personalizado e único. Hoje todo tipo de consumidor pode aderir ao hi-lo e transformar a roupa. "Ninguém mais é vítima do "total look" de uma marca só (vestir-se da cabeça aos pés com a marca x) e o consumidor contemporâneo se caracteriza por ser extremamente infiel, móvel e racional – ou seja, ele analisa, compara, muda de humor facilmente, muda de marca...", analisa Dario Caldas.
Hoje, para identificar o que é luxo é preciso ter olhar apurado, pois tanto a Daslu como a Renner partem dos mesmos referenciais na hora de produzir moda. Num mundo globalizado, a informação está ao alcance de todos e não existe mais uma ditadura do que se deve ou não usar. A jóia hoje vai à academia, o jeans a festas badaladas e o que importa é saber misturar o high com o low – tendência espelhada nas mulheres do hip-hop americano, que usam shorts curtos, bonés com correntes de ouro e saltos finos. "Hi-lo é muito mais do que misturar caro e barato, o hi-lo consiste em equilibrar opostos de uma maneira ainda mais ampla: caro e barato, nobre e tosco, fosco e brilhante, seco e volumoso, liso e texturizado, leve e pesado, discreto e ousado... é o conceito de moda do novo milênio", acredita Manu Carvalho. Caldas: menos imposição Manu: "equilíbrio de opostos" No alto, bolsa "grafitada" da Louis Vuitton. E tênis Adidas, para customizaçãoO mundo da estética está passando por um verdadeiro processo de mudança que coloca em questão o tradicional gap entre o luxo (high) e o básico (low), conceito que surge nos anos 90, quando a moda deixa de ter o peso de uma "ditadura" para o consumidor e passa a se apropriar das tendências de modo mais livre e pessoal, mixando os elementos de estilos diversos dentro de uma linguagem própria. E assim emerge uma nova área de convergência: o luxo se democratizando e o básico se travestindo de variações mais luxuosas. Traduzindo em miúdos: uma bolsa Louis Vuitton pode ser grafitada ou trazer pequenas e divertidas estampas, como, por exemplo, no modelo criado há algumas coleções pelo artista japonês Takashi Murakami, que foi chamado para revitalizar a tradicional monograma LV com suas carinhas e florzinhas divertidas. Por outro lado, temos uma mera camiseta ou até mesmo as básicas e confortáveis Havaianas transformadas em objeto de luxo, como foi o caso da parceria com a grife de jóias H. Stern em 2003, criando sandálias de tiras recobertas com ouro. Na época, o modelo mais sofisticado levava penas de ouro, diamantes, estrelinhas e um sapinho de ouro. Custava mais de R$ 50 mil. Se um par de sandálias de borracha recoberta de luxo e preciosidades pode custar mais do que um carro, sinal de que o consumidor de hoje ou está louco ou uma grande mudança está acontecendo.A primeira, que é complementar ao movimento hi-lo, é a tendência da personalização e customização de objetos. "Customização" é o ato da pessoa interferir em uma roupa: rasgar, cortar, desfiar, pintar e misturar peças e texturas. Tudo para criar um visual original, personalizado e único. Hoje todo tipo de consumidor pode aderir ao hi-lo e transformar a roupa. "Ninguém mais é vítima do "total look" de uma marca só (vestir-se da cabeça aos pés com a marca x) e o consumidor contemporâneo se caracteriza por ser extremamente infiel, móvel e racional – ou seja, ele analisa, compara, muda de humor facilmente, muda de marca...", analisa Dario Caldas.
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